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Carnaval e literatura: uma prosa na folia baiana

Não só de ritmos e brilhos vive o carnaval

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01/03/2025 18h58Atualizado há 2 semanas
Por: Redação
Secom/GovBa
Secom/GovBa

Estamos no período do Carnaval e você já imaginou qual espaço a literatura ocupa nessa folia? Com ou sem fantasia, quer na produção autoral de escritores e escritoras, a literatura desfila pelos tempos e espaços carnavalescos. Não importa o seu assento, o certo é que a literatura é sim, uma presença, como enredo na rua ou no livro. Essa já foi tratada como grande homenagem, como sambas-enredo, referências a obras literárias, escritores e escritoras que compuseram as alas e blocos de agremiações carnavalescas. Também, saltaram do chão das avenidas, para as páginas dos livros.

Você sabia que o primeiro romance de Jorge Amado, publicado, em 1931, quando esse estava com seus dezoito anos de idade, é justamente uma obra que tematiza o carnaval? O livro País do Carnaval é esse monumento literário que converge a crítica social, ao apresentar umapersonagem que abdica de sua brasilidade - por que não baianidade? - mesmo sendo afetado pelos ritmos e brilhos da festa. No seu contraponto, outra personagem da obra Dona Flor e seus dois maridos, o Vadinho, morre em um domingo de carnaval, no território do Largo Dois de Julho, fantasiado de baiana. E, ainda encontramos referências em Tenda dos Milagres, com a proibição do desfile do bloco Afoxé Filhos da Bahia e mesmo com a proibição, como narrativa romanesca, o bloco sai pelas ruas, tendo como homenagem Zumbi dos Palmares.

Mas, a proibição da festa não se dá apenas na ficção. Essa de fato ocorreu, como relatado por Machado de Assis, no Rio de Janeiro de 1894 e, com esse mote, escreveu uma crônica sobre essa proibição do desfile carnavalesco em, para, magistralmente, concluir que “ ... no dia em que Deus Momo fôr de todo exilado dêste mundo, o mundo acaba....” Enfim, não só de ritmos e brilhos vive o carnaval, mas encontram-se outras prosas e cadências peloofício da escrita.

A literatura ficciona e a realidade confere que a maior festa de rua do planeta é o Carnaval da Bahia. E esse carnaval cultiva músicas e coreografias da performance baiana. Os números do carnaval de 2024, segundo a Salvador Turismo (Saltur), órgão que coordena de forma geral o Carnaval de Salvador, informam que nos circuitos oficiais (Dodô, Osmar e Batatinha), foram 714 atrações e 1,8 mil horas de música. O fluxo turístico para 2025 é de aproximadamente 850 mil turistas, movimentando cerca de R$ 1,8 bilhão — um crescimento de 63% em relação a 2024, segundo o Observatório do Turismo da Secult.

Mas, se o carnaval é abordado literariamente e é um gerador de economia criativa da cultura, é tomado,também, como tempo de escrita por pessoas que abdicam da exposição, do desfile e da fantasia foliã. Há quem prefere ler e escrever sobre o carnaval cometendosacrilégio em pleno dia carnavalesco par se recolher e exercer seu tempo de criação literária. Então, podemos nos inspirar nos romances e obras, na própria história do carnaval, para, se você é escritor, escritora, registrar histórias ou criar seu enredo literário para as páginas de seu livro!

*Por Ester Figueiredo - Escritora, professora, curadora sócia diretora do Studio Palma

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