Multi(Versos)Fotos, paisagens, gentes e memórias escritas na poesia de Marco Jardim (@marcoajardim no Instagram)
A casa de fachada vermelha, o ipê ao lado, a laranja descascada, um lance.
O contraste do céu chumbo, o encontro de rio-mar, a canga estendida no entardecer, uma chance.
Antes, o banco de tronco, a derradeira realidade, amêndoa ao alcance da tarde.
A pele queimada, peito com brisa, gestos soltos, café para os outros, romance.
A velha saudade apertada, a voz de mainha, a música das cigarras, o caminho do sol, nuances.
A mulher do mercado, um corpo tatuado, o homem me enxergou e, na viela escondida, relance.
De repente, chuva.
De cabana em cabana, um beijo longo, um amor de estio, o zíper displicente, short jeans arriado, avance.
São quase seis e o sol já vai sair, a camiseta perdi, mistério abrandado na areia, já tem festa ali na igreja, dance.
Subindo a ladeira, as ondas batendo no mangue do breu, a sobra é toda minha e a beira do olhar daquele homem sou eu.
(Marco Jardim)