Bahia sem fome
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Poesia

Mainha

Para minha mãe, para a sua mãe, para as mães conhecidas e desconhecidas de todo lugar.

Multi(Versos)

Multi(Versos)Fotos, paisagens, gentes e memórias escritas na poesia de Marco Jardim (@marcoajardim no Instagram)

13/05/2023 14h46
Por: Redação

Mãe é o céu visto da janela do avião, mundo de cá, mundo de lá.
Este cosmos observado na inflexão do vidro, matriz da nossa própria expressão.
Mãe é a autoridade da vida, origem do que Deus dará. 
Preenche o quarto do coração com parede pintada de azul celestial, feito fotografia gradual. 
É o tempo e os poros, as razões e as afeições.
A chuva caindo lá embaixo no quintal, sentimento brando em curso d'água natural. 
É a calmaria do silêncio da alma, a vista da serra em demorada quietação.
Mãe faz a gente dançar de pijamas sobre a cama e asserena nossa oração.
É o estado das coisas e dos dias desobrigados de qualquer pesar.
Palavra de mãe é cumprimento dos desígnios, das orientações, é o tear.
A sonora virtude das horas felizes. 
Ofício vivo de proteção.
Mãe é saudade das manhãs, sol em abundância desde o berço à esperança estrelada do anoitecer. 
É nosso costume, é toda a gente na voz do que se pode dizer.
Mãe é casa, música que dá liga à cocada da vida. 
É cheiro de bolo, é cheiro de pão, tempo presente, tempo futuro.
Dona dos sons, dos risos, das combinações, mãezinha, mamãe, mainha.
Mãe é fé, sustento do melhor sentimento, toda a pétala de flor.
Canção de ninar em reciprocidade e afago com calor.
Mãe é provérbio de gratidão.
Mãe é sentença de amor.

(Marco Jardim)

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