Multi(Versos)Fotos, paisagens, gentes e memórias escritas na poesia de Marco Jardim (@marcoajardim no Instagram)
Na expressão da pena valiosa, sentença do fluxo da consciência ditada por escrito, ou no tom policromático do pincel, traçando o papel da existência, há pura nódoa de amor.
Eis que seu perfume vem em sopro de vento, bafejando de ternura o eflúvio de um novo clamor.
Parece - de tão breve - contido, mas o que se vê é impulso perene e divino, como no nascedouro do som sibilante de um sino.
Nas sinagogas, nos templos cristãos ou orientais, nos velhos castelos de torres úmidas ou nos vãos das choupanas, o batido do sino ecoa, sensitivo, anunciando um festim ao coração.
O trilho que toma a brisa desta nova verdade tem passadas farfalhantes de primavera, rumores de pequenas pétalas de margaridas amarelas, varrendo o solo infértil do cascalho com gloriosa redenção.
O amor é assim, apostólico, bondoso, maciço como as rochas dos penhascos que se lançam sobre o mar.
As ondas oscilam sinuosas e inquietas, quebrando ruidosas nos seixos, e antes que se pensem ceifando o magma telúrico, solidificado pelos séculos, elas os esculpe, burilando o sal na praia da fé, da convicção.
O amor é paciente, como uma oração piedosa, compassiva, nos lábios de madressilva da mãe que roga suave pela vida do seu pequeno temporão.
O amor ilumina, como lua clara rompendo a noite sem estrelas da sina de dias confusos na existência de então.
Sim, ele é também a visita humilde ao senhor de mãos estendidas sob a chuva insistente da fome e da solidão.
É o curso do tempo, irredutível, atravessando todas as vestes das almas desejosas de transformação.
O amor.
Que não se vangloria, que não se cansa, irmão sublime da folhagem viva da esperança, florindo com bonança as veredas da retidão.
O amor.
(Marco Jardim)