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Música

“Me nota, João Gomes”

Um show inusitado reverencia dois nomes da sofrência

Conversa de Balcão

Conversa de BalcãoDicas, críticas e curiosidades culturais - para beber, beliscar e jogar conversa fora.

18/10/2022 10h11Atualizado há 3 anos
Por: Ailton Fernandes

Bem ali de frente da Casa de Iemanjá e com a brisa da praia do Rio Vermelho batendo, o bar e espaço cultural Casa da Mãe cedeu seu palco para Mãeana apresentar um repertório inusitado. Acompanhada por Bem Gil na guitarra e Sebastian na percussão (e o filho Sereno como participação especial, “na bagunça”), a cantora uniu dois JG da música brasileira: João Gilberto e João Gomes.

Tudo começou na pandemia, assim como o surgimento e ascensão do JG mais novo. “Foi numa viagem aqui para a Bahia, uns amigos me mostraram e eu fiquei muito apaixonada. Comecei a brincar que o João Gomes era o meu João Gilberto. Não tem aquela história que o João Gilberto impactou uma geração, aquela coisa do ‘Chega de saudade’? Então, eu comecei a brincar que ‘Eu tenho a senha’ é meu ‘Chega de saudade’”, me revelou em um bate-papo logo após a apresentação.

Para a cantora, o João de 20 anos a levou para um sentimento muito puro. “Eu fiquei com esperança na música. Tem aquela coisa que falam, ’nunca mais vai ter um João Gilberto, nunca mais vai ter um Gilberto Gil, um Caetano Veloso, e tal…’ e eu senti um negócio com o João Gomes assim, sabe? Alguma coisa muito pura, um sentimento muito puro, não tem a ver com razão, é uma coisa pura. O disco e o ritmo mexem muito comigo, de eu não compreender completamente, o que aconteceu muito com a Bossa Nova também”, explica.

Com o pequeno palco produzido pela própria cantora e paredes cheias de quadros de santos e de orixás, as mesas da Casa  estavam todas ocupadas por amigos do trio ou curiosos (meu caso), atraídos pelo anúncio que viram no Instagram.

O setlist da temporada montada especialmente para Salvador vai de “Eu tenho a senha” a “Retrato em preto e branco”, incluindo “Meu pedaço de pecado”, “Meu bem”, “Se for amor”, “Insensatez” e “Brigas, nunca mais”. “Eu me recusava a cantar músicas de sofrência, porque eu tenho a sensação que tem um monopólio, é só amor romântico, só amor monogâmico, toda uma história, né? Mas, de repente eu me rendi completamente, foi culpa do João Gomes!”, confessou ela, que ainda apresenta o projeto nos dias 24 e 31 de outubro, no mesmo local.

“Eu gostei muito do resultado. Estamos chamando de ‘pisa-nova’, é uma forma de trazer o piseiro para uma coisa mais intimista, pra um volume mais diferente, uma coisa assim mais próxima da Bossa Nova mesmo”, completou. Ela contou que ainda não sabe se o projeto vai continuar ou se vai virar um EP, por exemplo.

Durante a apresentação, Mãeana brincou com o público: “vocês que estão gravando, publiquem e marquem o João Gomes, quem sabe ele não me nota”, pediu a nora de Gilberto Gil, que foi vocalista da banda Tono e apontada como cantora revelação da MPB, pelo O Globo, em 2017. Mãeana, que também é mãe do Dom, de 10 anos, ainda lembrou a idade do cantor pernambucano, “poderia ser meu filho, imagina!”, riu.

SERVIÇO
Mãeana canta JG
24 e 31 de outubro, às 21h
R$ 25 
Local: Casa da Mãe
R. Guedes Cabral, 81 - Rio Vermelho, Salvador - BA 

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