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Afinal, é mesmo necessário se vacinar?

Desmistificando a vacinação e pontuando sua importância na saúde coletiva

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13/07/2022 12h25Atualizado há 2 anos
Por: Redação
Dra. Michele Caires, infectologista

A história da vacinação se inicia no século XVIII, quando Edward Jenner, médico inglês, utilizou a vacina para prevenir a contaminação por varíola, doença viral grave que cursava com febre alta, lesões de pele e morte. A varíola foi a primeira doença infecciosa erradicada por meio da vacinação. Da mesma forma que foi no mundo, no Brasil o início da imunização também está atrelado à criação da vacina contra a varíola. 

Na época, a vacinação era obrigatória, mas a lei só começou a ser cumprida em 1904, por influência do médico sanitarista Oswaldo Cruz. A obrigatoriedade da vacina não foi bem recebida, dando origem à Revolta da Vacina no Rio de Janeiro.  Em 1908, a situação mudou, já que o Rio foi atingido por um violento surto de varíola, e, nesse momento, o medo da doença foi maior do que o receio contra a vacina. 

Hoje, a vacinação do Brasil é realizada por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), responsável pela distribuição de vacinas para toda a população por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Graças à vacinação, o perfil epidemiológico das doenças imunopreveníveis no Brasil mudou. Conseguimos eliminar a poliomielite, a varíola, a síndrome da rubéola congênita, o tétano materno e neonatal, eliminar temporariamente o sarampo (certificado perdido em 2016 por baixa cobertura vacinal) e reduzir de forma significativa a incidência de doenças como a difteria, as meningites bacterianas e a coqueluche.   

Embora muitas doenças evitáveis por vacinação tenham se tornado raras, os agentes infecciosos causadores continuam a circular pelo mundo, atravessando fronteiras geográficas com muita facilidade, tendo em vista as conexões do mundo globalizado atual, e causando infecção em pessoas não protegidas. Como, por exemplo, o surto de sarampo na Venezuela e do subsequente aparecimento de casos aqui no Brasil, em decorrência da já citada baixa cobertura vacinal dos últimos anos. 

Infelizmente as vacinas desde sempre foram alvos de inverdades. Então, é preciso reforçar que toda vacina, antes de ser aplicada na prática, passa por uma série de estudos para aprovação de eficácia e segurança. E só pode ser distribuída ou comercializada após avaliação criteriosa da Anvisa, nossa agência reguladora. Vacinas não causam autismo, não alteram nosso DNA e tampouco causam mortes.

Sabemos que as vacinas podem, sim, ter efeitos colaterais, mas esses são mais amenos que a infecção pelo agente infeccioso. E, ao contrário do que se diz por aí, é melhor ser imunizado pela vacina do que pela doença. Sabemos que, apesar de não ser 100% capaz de se proteger contra a doença, a pessoa vacinada, caso seja infectada, apresentará um quadro mais brando, já que a doença tem os riscos inerentes do adoecimento e maior risco de complicações e morte. Então, vacine-se! Este é um pacto coletivo pela VIDA.

- Dra. Michele Caires, infectologista

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