O ato de cuidar

Neste mês de maio comemorou-se o Dia Internacional da Enfermagem. No Brasil, a profissão é exercida por auxiliares de enfermagem, técnicos de enfermagem e por enfermeiros, profissionais com formações e funções distintas dentro de uma mesma área. Ainda que a Enfermagem seja uma profissão antiga, foi, a partir do século XIX, com Florence Nightingale (em 2020 se comemorou o bicentenário de seu nascimento), que se configurou o processo de trabalho para a Enfermagem, a partir das suas propostas de reorganização dos hospitais militares. Nightingale desenvolveu uma visão ampliada da atenção dedicada aos pacientes, que proporcionou bases fundamentais para o “cuidado” no exercício da Enfermagem. Seu legado transpõe os séculos e fundamenta o ofício em todo o mundo.

A Organização Mundial da Saúde declarou 2020 o Ano Internacional dos Profissionais de Enfermagem e Obstetrícia. No Brasil, anualmente, também se celebra a Semana da Enfermagem, que acontece entre os dias 12 e 20 de maio, homenageando a pioneira dos movimentos de saúde no Brasil, Ana Justina Ferreira Néri, nascida na Bahia em 1814. Considerada a primeira pessoa não religiosa a se dedicar aos cuidados com a saúde, foi também a primeira enfermeira do Brasil a se alistar voluntariamente em combates militares.

Desde o princípio, o cuidado se faz presente na vida do ser humano. Cuidar significa atenção, solicitude, diligência, zelo. O ato implica colocar-se no lugar do outro no espaço pessoal e social. É estar presente desde o nascimento de uma pessoa, na promoção e recuperação de sua saúde e até no momento da morte. Compreender o valor do cuidado na Enfermagem requer uma concepção que contemple a vida como um bem valioso. 

A forma e o jeito de cuidar, a sensibilidade intuitiva, a cooperação com disponibilidade, a participação com amor, o envolvimento interativo, o vínculo respeitoso, a presença somada à empatia, o comprometimento e a compreensão são elementos essenciais que fazem a diferença no trabalho do enfermeiro. 

Adiciona-se a estas práticas também a confiança mútua, o toque delicado, a receptividade, a observação atenta, o calor humano, o sorriso acolhedor, a comunicação afetuosa e até o respeito ao silêncio, quando necessário.

Assinalando a experiência pessoal, vale especificar os cuidados como enfermeiro a pacientes oncológicos. No Icon, entendemos que o paciente com câncer necessita de uma assistência bastante singular e direcionada, principalmente pelas características que envolvem ele e a família. É nesse contexto que a equipe de enfermagem deve estar fundamentada em todo o conhecimento teórico-prático-científico, como também oferecer a este paciente a maior rede de apoio possível, sendo indispensável um trabalho integrado com uma equipe multidisciplinar para o possível sucesso no tratamento, na cura, na reabilitação.

Fica como reflexão um dos detalhes mais bonitos e gratificantes daquilo que é o cerne do exercício da Enfermagem: o cuidado é sempre uma via de mão dupla. Quem o oferece é tão abençoado quanto quem o recebe.

- Murilo Couto, enfermeiro